Tribunal quer reforço da PF para eleições

5 de outubro de 2007 11:08

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) pedirá hoje ao diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, aumento do efetivo da corporação no estado para investigação de crimes eleitorais. Somente na circunscrição de Belo Horizonte, que engloba 328 cidades, estão em andamento 600 inquéritos abertos por compra de votos, inscrições fraudulentas de eleitores e abuso de poder econômico em todos os pleitos ocorridos em 2000, 2002, 2004 e 2006. Apenas dois delegados cuidam das investigações.

A expectativa é de que o aumento no efetivo ocorra antes das eleições do ano que vem para prefeitos e vereadores. O juiz-auxiliar da Corregedoria do TRE, Paulo Tamborine, encarregado de apresentar o pedido por mais investigadores ao diretor-geral da PF, afirma que o objetivo é realizar eleições seguras, transparentes e honestas, mas não esconde temer que, mesmo com maior número de equipes da Polícia Federal apurando crimes, as irregularidades continuem ocorrendo. Nas eleições municipais, a paixão é muito mais forte , argumenta Tamborine.

Paulo Tamborine, juiz-auxiliar da Corregedoria do TRE, registrando a preocupação com o potencial de irregularidades no próximo pleito
O juiz afirma não haver condições de que a PF tenha equipes de investigação nas 348 zonas eleitorais do estado. Mas sugere que a corporação apure o total de inquéritos abertos nas eleições passadas em Minas e, a partir do dado, defina o efetivo necessário para condução das investigações. Um dos dois delegados encarregados das apurações sobre crimes eleitorais na circunscrição de Belo Horizonte, Daniel Fantini afirma que, além da equipe reduzida, parte das dificuldades de investigação decorre do fato de a corporação ser responsável pela apuração de crimes em cidades como Patos de Minas, no Alto Paranaíba, localizada a 400 quilômetros da capital.

NOVAS DELEGACIAS O outro delegado que cuida das investigações de crimes eleitorais na área sob responsabilidade da PF de Belo Horizonte, Daniel Souza Silva, diz que o ideal seria a abertura de delegacias em Patos de Minas, Ipatinga, no Vale do Aço, a 209 quilômetros da capital, e em Divinópolis, a 110 quilômetros de BH. A delegacia da PF em Varginha, Sul de Minas, tem o mesmo problema. Os limites de atuação da corporação baseada na cidade englobam 190 municípios.

Os dois delegados e o juiz-auxiliar da Corregedoria do TRE participaram ontem em Belo Horizonte do ciclo de debates A participação da Polícia Federal no processo eleitoral. O encontro segue hoje com painéis e a presença do diretor-geral da PF, que vai assinar convênio de cooperação mútua entre a corporação e a Escola Judiciária do TRE, organizadora do encontro. O juiz Tamborine, diretor-executivo da escola, afirma que eventos semelhantes serão realizados também com as polícias Militar e Civil e com entidades sociais da capital e do interior do estado. O objetivo é traçar estratégias de atuação conjunta em períodos eleitorais.

Tamborine diz que os seminários são ainda uma forma de aprofundamento no direito eleitoral. Conforme o juiz, a maior parte das faculdades brasileiras não oferece matérias com o conteúdo. Em algumas escolas de ponta, a disciplina existe, mas é facultativa.

“Nas eleições municipais, a paixão é muito mais forte”

Paulo Tamborine, juiz-auxiliar da Corregedoria do TRE, registrando a preocupação com o potencial de irregularidades no próximo pleito