Ubiratan reclama de atuação da PF

18 de março de 2008 13:59

No sábado, Ubiratan havia obtido liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe garantia o direito de responder apenas às perguntas que desejasse e não ser ouvido como testemunha.

O ex-presidente do Detran entrou no plenarinho às 15h. Antes de começar a responder às perguntas do relator, deputado Adilson Troca (PSDB), o advogado de 53 anos fez um desabafo, dizendo estar sofrendo um “massacre público”. Na primeira uma hora e meia de fala, praticamente não titubeou nas respostas, sempre amparado com documentos alcançados por um dos seus advogados, Marcelo Bertoluci.

O vice-relator da CPI, deputado Paulo Azeredo (PDT), reclamou que, a cada questionamento de Troca, Ubiratan tinha uma planilha a mão para responder. O relator alegou estar apenas seguindo o que tinha sido aprovado.

Em mais de uma oportunidade, o ex-presidente da autarquia definiu como “balela”, “conversa fiada” e “safadeza” informações que circularam na imprensa e na CPI, como a de que o contrato com a Fatec aumentou os gastos de R$ 900 mil para R$ 2 milhões.

Sobre as empresas subcontratadas pelas fundações no contrato junto ao Detran, Ubiratan negou que tenha ocorrido terceirização nos serviços.

– Quem executava todos os serviços era a Fatec. A relação da Fatec com empresas outras que ela tomou como serviços de suporte não é problema meu – afirmou Ubiratan.

Ex-presidente do Detran mostrou desavença com Yeda
Autorizado por liminar a permanecer calado, Ubiratan não utilizou a prerrogativa, à exceção de uma mesma pergunta repetida por vários deputados. O ex-presidente declarou que o valor apontado pela Operação Rodin, de desvios superiores a R$ 40 milhões são um “chute” dos agentes federais e que a juíza Simone Barbisan Fortes, da 3ª Vara Federal, de Santa Maria, que atua no caso, foi induzida ao erro pela PF:

– A juíza, até agora, só ouviu um lado. Acho que tem grandes equívocos no que a PF fez.

Embora tanto ele quanto o sucessor, Flavio Vaz Netto, integrem o PP, a governadora Yeda Crusius teria feito a substituição pelo fato de ele ser próximo do deputado federal José Otávio Germano (PP). Por supostamente não ter feito campanha para a tucana, Germano teria sofrido represálias. Ubiratan foi mais longe e disse que não gosta de Yeda:

– Não votei em Yeda. Eu digo que, se Nelson Marchezan (ex-dirigente do PP e do PSDB) estivesse vivo, ela não seria governadora.

Os integrantes da CPI aprovaram ontem o requerimento para ter acesso ao inquérito da Operação Rodin, que investigou o Detran.