Último concurso da Polícia Federal apresentou queda em mulheres aprovadas

26 de fevereiro de 2014 16:23

O último concurso da Polícia Federal mostrou queda no número de mulheres aprovadas para o cargo de delegado. Este ano, 17 alunas se matricularam no curso de formação da Academia Nacional de Polícia (em andamento), entre 135 aprovados. A média, de 12,5%, é ainda menor que a do concurso anterior, realizado em 2004, de 15,5%. Na edição anterior, foram nomeadas 78 mulheres, do total de 501 novos delegados.

Esse baixo número de mulheres ingressando na PF é observado com preocupação pelo Grupo de Trabalho (GT) criado pelas Delegadas. Enquanto em concursos públicos observa-se um aumento da participação feminina, a PF enfrenta um declínio a cada edição dos seus certames. O tema será discutido no VI Congresso Nacional dos Delegados de Polícia Federal, em abril, no Espírito Santo.

Uma pesquisa realizada pelo instituto Sensus em 2012 mostrou que existia apenas 15% de mulheres ocupando o cargo de Delegado na Polícia Federal. Dentro da instituição, elas representam aproximadamente 20% do efetivo de 14 mil funcionários em atividade, incluindo policiais e servidores do plano especial de cargos.

O assunto é abordado pela ADPF desde o ano passado. Em outubro de 2013, foi debatido durante o III Encontro Nacional de Delegadas Federais, realizado em Ouro Preto/MG. O evento, que discutiu o espaço da mulher na administração pública e o exercício da autoridade conciliatória pelas delegadas, deixou o alerta para que a Polícia Federal se torne, num futuro, uma instituição estritamente masculina, na contramão de outros órgãos públicos.

A Coordenadora do GT Mulheres, Tânia Fogaça, apontou o teste físico imposto pela instituição para o ingresso no cargo como um dos maiores complicadores para o acesso feminino. “Muito embora a ANP apresente estudos científicos acerca do tema, as provas ainda são bastante criticadas, pois o efeito prático seria negativo, já que o número de policiais mulheres vem diminuindo com o passar dos anos. Precisamos pensar sobre o que queremos para a Polícia Federal. Manter a tendência de um ambiente totalmente masculinizado ou repensar a prova física altamente exigente para as mulheres?”, questionou.