Um golpe na banda podre

18 de setembro de 2007 09:20

Cinqüenta e dois policiais militares acusados de tráfico de drogas, corrupção passiva e ativa, concussão (crime cometido por funcionário público) e formação de quadrilha foram presos de uma só vez e levados para o Batalhão da PM em Duque de Caxias. Cinco traficantes também foram capturados na ação – coordenada pela Corregedoria da Polícia Militar e comandada pela Secretaria de Segurança Pública.

O elevado número de homens fardados detidos ontem comprova de forma cabal que a criminalidade invadiu os quartéis. Constatação evidenciada não só pela leitura diária do noticiário mas já realçada pela Operação Tingüi, da Polícia Federal – que havia prendido, em dezembro do ano passado, 78 policiais militares (sendo 77 praças e um tenente) envolvidos com traficantes da Favela da Maré.

As duas operações se assemelham e se complementam. O detalhe é que a primeira foi fruto de investigação do governo federal. A de ontem ficou a cargo da inteligência do Estado do Rio, somados os esforços das polícias Civil e Militar.

Mais um ponto positivo para o currículo do secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame, que havia prometido, tão logo assumira a pasta, buscar indvestimentos maciços na área de inteligência e combater a corrupção, “valorizando o bom servidor e procurando esclarecer e apresentar ao Judiciário o mau policial”.

Encerrada a vitoriosa operação de ontem, Beltrame enfatizou: “Se quisermos uma polícia para a sociedade, este tipo de trabalho é imprescindível e vai continuar”. E o prosseguimento das ações profiláticas ora iniciadas é o que clama a sociedade. Só com investimentos em inteligência foi possível a outras polícias mundo afora expurgar das fileiras os maus elementos. Aqui não será diferente.

Na guerra contra a banda podre da força policial, o apoio da sociedade é fundamental. Denúncias (com garantia de anonimato) de extorsão e mau comportamento devem ser levadas à autoridade competente. Da parte da corporação, exigem-se investigações detalhadas (mantidas sob necessário sigilo) e inquéritos sólidos, para que caiam, um por um, os bandidos travestidos de policiais.

A partir daí, será possível retomar o necessário debate sobre o reaparelhamento da Polícia Militar – que passa por reajuste salarial condizente com os perigos da profissão, modernização do aparato (desde novas viaturas até armas mais potentes e coletes à prova de balas para as missões mais arriscadas) e cursos de reciclagem dos recursos humanos. Um policial mais eficiente, humanizado e, acima de tudo, cumpridor das leis é o que pede o cidadão fluminense. Cabe ao Estado oferecer-lhe este serviço.

Ressalte-se que qualquer programa de reformulação policial tem de começar, obrigatoriamente, pela eliminação dos maus elementos da corporação. Para que os bons soldados sejam preservados. E a população volte a confiar na sua polícia.