Um líder pacato, incisivo e coerente

24 de outubro de 2013 17:42

O cenário é a periferia de uma cidade não identificada. Um policial sorridente, assistido por outro, segura firme uma criança mal vestida que sorri para eles. A legenda da foto não é do autor da imagem, mas sim de Marcos Leôncio Ribeiro, delegado federal.  “Uma cena dessas não sai na imprensa”, registra ele, em tom de mágoa, no seu facebook.
    

Pois é! Quando ele criou sua pagina na rede mundial de computadores, seus textos eram leves e ele se dava ao luxo de fazer dedicatórias à esposa – “Lua cheia e a brisa do mar diante de um céu estrelado entre coqueiros… na companhia de meu amor…”. Até aquele momento, ele redigia assim suas impressões do cotidiano. Mas a verve poética teve de ceder lugar ao perfil indignado, combativo, altruísta.

 

A mudança de comportamento é facilmente percebida em suas declarações inquietantes: ”Assumi juntamente com outros colegas o desafio de repensar a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal)… Somos continuidade que nem de longe se confunde com continuísmo”. A frase resume, de forma clara, a disposição de quem luta em defesa da categoria e da instituição, um somatório de fácil compreensão: melhoras para a sociedade.

 

Natural de Angical, interior do Piauí, nasceu em 19/9/1973, entrou na PF no ano de 2003. Quando iniciou suas atividades em defesa da Polícia Federal, seu ar pacato parecia não impressionar muito a categoria. Mas soube passar confiança, demonstrar garra e sagrou-se vencedor. Hoje, quando ocupa espaços na televisão em debates com membros do Ministério Público sobre a PEC37, consegue calar debatedores e apresentadores dos programas de rádio e TV. Incisivo, cumpre à risca o seu papel de presidente de uma das mais importantes entidades de classe do Brasil, a ADPF.

 

Em suas entrevistas e debates públicos, o delegado Marcos Leôncio faz questão de expressar suas preocupações com o presente e, principalmente, com o futuro da mais respeitada instituição do Estado brasileiro. “A credibilidade da Polícia Federal  vem sendo abalada pela crise de identidade funcional de alguns gestores que, se deixando amedrontar pelas pressões de sindicalistas e pelo poder institucional do Ministério Público, rugem para os pares, mas se encolhem ante a presença de representantes classistas de outras categorias policiais e do Ministério Público”, destacou o presidente da ADPF.

 

Bons tempos aqueles em que ele podia postar notinhas suaves e fotos dos locais por onde passara, nos momentos de lazer, trajando bermuda e chinelo exibindo seu gosto musical, reproduzindo vídeos interessantes do Youtube.

 

Nos dias atuais, o delegado federal Marcos Leôncio Ribeiro vive um embate interno, diante da letargia de alguns que permitiram a inversão da hierarquia na instituição. Diante desse perigoso cenário, Leôncio dispara: ”É da natureza do cargo de delegado de Polícia Federal exercer a autoridade e ser dirigente da Polícia Federal. Aquele que não se reconhece nesse papel legítimo não merece o cargo que ocupa. Essa crise de identidade está levando à perda de hierarquia e disciplina no órgão”, ressaltou num artigo repercutido em vários sites e revistas.

 

“O mais grave”, diz ele, ”é que segmentos sindicais, mediante planejamento estratégico contratado previamente, estão promovendo uma política agressiva de marketing  com o objetivo de tentar desestabilizar a instituição”. Esse maus sindicalistas, que não representam o pensamento majoritário dos servidores do órgão, procuram manchar a imagem dos delegados de Polícia Federal como classe dirigente. Eles agem com inconsequência, sem projetos construtivos. Passam o tempo apenas alimentando o ódio, a discórdia e envenenando o corpo funcional que também integram.

 

O presidente da ADPF critica o que chama de subordinação funcional da Polícia Federal ao Ministério Público, com a mesma ênfase que defende o aperfeiçoamento do inquérito policial, condenando todo tipo de investigação criminal informal, não documentada, sem freios e controles externos.