Uma guerra e muitos sonhos
Doze milhões de pessoas estão se preparando para os diversos concursos que serão realizados em breve. Comparando este número com as estatísticas militares, somente é superado pelos números de soldados na Primeira e na Segunda Guerra Mundial. Portanto quem entra num concurso entra numa guerra. Para ser bem sucedido, o inscrito deve ter a disciplina, a renúncia e o empenho de um soldado.Caso contrário, ele assistirá a muitas mortes.
Não me refiro às mortes literais. Refiro-me às mortes dos sonhos:o sonho de estar bem preparado, o sonho de se aprovado,o sonho defazer carreira, o sonho de prestígio do cargo, o sonho de ascensão social, o sonho… o sonho… Todos eles podem morrer. E essas mortes serão cruéis se o candidato for apenas um candidato. Outra sorte haverá se, em vez de simples candidato, ele for concorrente, conforme distinção que fiz no artigo “Ensinai-vos uns aos outros”.
O concorrente, isto é, quem estuda com disciplina, renúncia e empenho,não assistirá às mortes de seus sonhos, mesmo que seja reprovado. Para este, a experiência de reprovação não costuma ser o momento de morte dos sonhos, e sim de nascimento deles. Nessas horas amargas, ele reavalia suas capacidade se seus métodos,redefine seus objetivos,dando oportunidade a si mesmo para prosseguir sonhando.
Já o candidato, aquele que se inscreve porque a família assim espera ou porque o vizinho também se inscreveu, assistirá, em caso de reprovação, não apenas à morte de seus sonhos, mas também a morte quase literal perante o meio social em que está inserido. Afinal o compromisso de aprovação não era consigo mesmo e sim para impressionar os familiares ou os vizinhos. Ele não terá a noção de que perdeu apenas uma batalha.Sua avaliação será de que perdeu a guerra.
Na primeira eleição estadunidense vencida pelo Presidente Barack Obama,o oponente John McCain, em seu discurso da derrota, relembrou os tempos no Vietnã: “Quando amar cha é difícil, o bom soldado segue marchando”. Parafraseando-o,eu digo: O candidato que não é aprovado desiste; o concorrente segue estudando.
(*)Professor de Direito, Delegado Federal e autor do livro“Como Passei em 15 Concursos”, da Ed.Método.