Usado indevidamente
A informação foi confirmada à imprensa pelo advogado de Mantovani, Antonio Ruiz Filho, ao final do interrogatório.
“Ele deu todas as explicações que foram necessárias para demonstrar claramente que todos os projetos de financiamento no BNDES, em que houve assessoria da empresa da qual ele é sócio, foram absolutamente lícitos”, disse o advogado. Seu cliente, Mantovani, é acusado de ser dono da Progus, uma empresa que prestaria consultorias para que prefeituras e empresas obtivessem empréstimos no BNDES.
Matéria divulgada ontem no jornal O Estado de S.Paulo diz que durante a Operação Santa Tereza, a Polícia Federal encontrou um organograma em que a alcunha PA – que a PF acredita ser do deputado Paulinho – aparece como destinatária de um cheque de R$ 18 mil referente ao financiamento obtido pela prefeitura de Praia Grande no BNDES. A Polícia Federal também acredita que Paulinho tenha recebido uma ordem de pagamento de R$ 82 mil referente ao financiamento conseguido pelas lojas Marisa no banco.
Segundo Ruiz Filho, seu cliente negou em depoimento ter feito pagamentos para o deputado Paulinho e explicou que os cheques e documentos encontrados pela Polícia Federal durante a operação e que podem ter sido destinados a Paulinho e a Ricardo Tosto não tinham nada a ver com projetos no BNDES.
“O João Pedro, que era associado da empresa Progus, no acerto de contas entre eles, entendeu que era interessante incluir a Força Sindical para que ela fosse também um ponto de angariar clientes e, portanto, foi incluído este nome, mas jamais foi destinado algum cheque para o deputado Paulinho ou ao advogado Ricardo Tosto”, disse Ruiz Filho.
Segundo ele, seu cliente incluiu o nome de Tosto “não para dar algum auxílio, mas porque já tinha uma dívida de outros processos em que o escritório [de Tosto] o defendia e usou esse dinheiro para saldar essas dívidas anteriores”.
Já os cheques referentes a PA foram todos destinados a João Pedro de Moura, ex-conselheiro do BNDES e que seria, segundo Ruiz Filho, apenas um associado da Progus. “A destinação que ele deu [aos cheques] eu não sei”, afirmou.
“Uma explicação que João Moura disse, num acerto de contas entre ele e Mantovani, é que seria interessante que se envolvesse, na prospecção de clientes, o nome da Força Sindical”, disse o advogado.