Viagens demais?

8 de janeiro de 2008 10:37

O governo anunciou um corte de R$ 20 bilhões para ajudar a compensar a perda de arrecadação da CPMF. Os dois principais alvos do governo são as emendas parlamentares e os gastos com passagens e diárias.

De 2004 a 2006, houve um crescimento acumulado de 14% com viagens de trabalho, passando de R$ 854,9 milhões para R$ 973,4 milhões. A redução nos gastos totais ocorreu no ano passado, levando-se em conta que o levantamento vai até novembro. No caso do Ministério da Justiça, esse tipo de gasto subiu 17% de janeiro de 2004 a novembro de 2007.

Os valores, divulgados pela CGU (Controladoria Geral da União) a partir do Siafi, excluem viagens referentes a projetos de investimento. A reportagem contabilizou diárias de civis, militares, passagens e gastos com locomoção dentro das despesas da Presidência e ministérios, o que inclui entidades e órgãos vinculados.

Do total gasto até novembro de 2007, mais da metade se concentra nos orçamentos de seis ministérios: Justiça, Educação, Defesa, Saúde, Fazenda e Planejamento. Os três primeiros respondem por gastos de R$ 335 milhões, 40% do total. Na Justiça, foram gastos 128,3 milhões, sendo R$ 95,3 milhões em diárias.

Por meio da assessoria, o Ministério da Justiça afirmou que 78% dos gastos em 2007 se devem a ações da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança. O ano passado, de acordo com a assessoria, foi “atípico” por conta da realização dos Jogos Pan-Americanos, que mobilizou expressivo deslocamento de agentes. A assessoria também ressaltou as operações da Força Nacional no Rio, no Maranhão e no Distrito Federal.

No Ministério da Educação, os gastos de R$ 106,4 milhões se concentram em passagens e locomoção, R$ 70,8 milhões. Por meio da assessoria, o MEC ressaltou que os valores gastos pela pasta incluem órgãos adjacentes, como as 53 universidades federais e 175 centros federais de educação, sob o guarda-chuva do ministério.

A assessoria também afirmou que, por conta do programa “Caravana da Educação”, o ministro Fernando Haddad viajou com assessores a todas as capitais do país em 2007. Na Defesa, os militares respondem por mais de R$ 50 milhões em diárias -63% disto gasto pelo Comando da Aeronáutica. O ministério não comentou.

Levantamento feito pela Casa Civil a pedido da Folha mostra que os gastos da Presidência só com diárias e passagens (sem as despesas de locomoção) mantiveram-se estáveis nos últimos dois anos – em 2007, foram gastos R$ 10,2 milhões neste tipo de despesa. Em 2006, ano da campanha à reeleição, houve alta de 31,6% em relação a 2005.