ADPF vai ao Congresso questionar congelamento salarial de servidores
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) vai colocar em pauta com os deputados federais o Projeto de Lei aprovado no Senado, que congela o salário de servidores públicos por 18 meses, como contrapartida pela liberação de recursos do governo federal a estados e municípios para enfrentamento da Covid-19. O projeto foi remetido à Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (4).
Ficaram de fora da proposta de congelamento dos salários, servidores da saúde, segurança pública e Forças Armadas. Mas, não todos os órgãos da segurança pública. A Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal não foram alcançadas com a exclusão do congelamento.
“É algo que não entendemos, absolutamente, porque o Senado Federal excluiu as Forças Armadas e as polícias estaduais [do congelamento] e deixou as polícias federais (PF e PRF) de fora [da exclusão do congelamento], sendo que nós estamos no combate direto do coronavírus”, questiona o presidente da ADPF Edvandir Paiva, citando operações em curso da PF que, inclusive, já flagraram o desvio de recursos públicos que seriam destinados à população ou ao enfrentamento da doença. Além da atuação de policiais federais em ações de imigração, em portos, aeroportos, combate ao tráfico de drogas, entre outros locais.
A declaração foi feita durante entrevista à CNN Brasil, momento em que o delegado federal também comentou sobre vários assuntos relacionados à Polícia Federal, entre eles, a segunda troca de diretor-geral da PF, após a saída do delegado Maurício Valeixo.
Segundo Paiva, a associação espera que o novo diretor-geral Rolando Alexandre de Souza repasse à presidência da República e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública quais são as atribuições da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal, para que não haja qualquer interferência na condução dos trabalhos da PF. “As duas instituições tem papeis distintos”, afirma. E que, se houver algum pedido que extrapole o papel da PF, ele seja firme em negar toda e qualquer medida que não seja papel institucional da Polícia Federal.
Edvandir Paiva também disse que a ADPF vai acompanhar atentamente todas as movimentações do novo diretor-geral e apoiá-lo em tudo que possa fortalecer a Polícia Federal. “Esperamos que ele tenha um ambiente de tranquilidade, o máximo possível, pra fazer a sua gestão. E acreditamos que o Dr. Rolando tem nas veias aquele sentimento da nossa cultura institucional”, diz.
O presidente da ADPF voltou a dizer que espera que o governo federal mantenha a distância republicana necessária para deixar a Polícia Federal fazer o trabalho dela.
Veja a entrevista à CNN Brasil na íntegra
Veja a repercussão na mídia:
UOL – Rolando é técnico, mas precisa de tranquilidade na PF, diz associação
Crusoé – Delegados da PF irritados com Guedes
O Antagonista – Congelamento de salários proposto por Guedes irrita delegados da PF
Veja – Com nomeação de Rolando, PF e Abin deverão trabalhar mais integradas
Congresso em Foco – Governo abandona servidores da segurança pública, dizem entidades da PF e da PRF
O Globo – Troca de comando no Rio faz PF recuar do apoio ao novo chefe
O Globo – “É necessário que ele possa dizer não”, diz Associação de Delegados sobre novo chefe da PF