PF deflagra operações internacionais contra o contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (31), em São Paulo, Acre e no Rio Grande do Sul, duas operações internacionais denominadas “Estação Brás”, coordenada pelo delegado Milton Fornazzari e “Bengal Tiger”, que tem como responsável o delegado Eduardo Maneta. As operações investigam o contrabando de migrantes e a lavagem de dinheiro e são consideradas as maiores já realizadas no combate a esse tipo de crime. Os trabalhos contam com o apoio do delegado Roberto Milaneze, coordenador-geral de Defesa Institucional da PF, além de delegados do DF e RS.
Estão sendo cumpridos oito mandados de prisão temporária e 18 mandados de busca e apreensão em São Paulo (SP), Embú das Artes (SP), Taboão da Serra (SP) e Garibaldi (RS). Por determinação da 10ª Vara Federal Criminal Especializada em Lavagem de Dinheiro de São Paulo (SP) e da Justiça Federal do Acre (AC), a PF bloqueou 42 contas bancárias utilizadas na prática dos crimes.
As operações ocorrem simultaneamente em 20 países da América do Sul e América Central, ao longo da rota clandestina de migração, com a intensificação do controle migratório ao longo de toda a rota percorrida pelos contrabandeados.
Os inquéritos policiais iniciaram em maio de 2018 e apontaram que os contrabandistas identificados em São Paulo centralizavam e detinham o pleno domínio de toda a rota clandestina, por meio do contato com outros associados em todos os países e continentes envolvidos.
Constatou-se, ainda, que os migrantes, durante o tempo em que permaneceram em São Paulo, sofriam maus-tratos (cárcere privado, agressões físicas e psicológicas). Foi apurado que a organização criminosa foi responsável pela migração ilegal de oito migrantes bengaleses que, em junho deste ano, foram sequestrados por cartéis de drogas mexicanos, na cidade de Nuevo Laredo, já na fronteira do México com os Estados Unidos.
Ainda, de acordo com as investigações, a organização criminosa movimentou no Brasil, indevidamente, ao menos dez milhões de dólares americanos, entre os anos de 2014 e 2019, tendo empregado diversas tipologias da lavagem de dinheiro.
Os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de contrabando de migrantes (qualificado pela submissão a condições desumanas e degradantes), lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas de 3 a 10 anos de prisão, sem prejuízo de responderem por outros crimes que possam ser descobertos ao longo da investigação.
‘Estação Brás’ e ‘Bengal Tiger’
“Estação Brás” é uma referência ao bairro da cidade de São Paulo onde atuam os principais líderes da organização criminosa e onde são recebidos os migrantes ilegais antes de prosseguirem a degradante e clandestina rota de migração ilegal até os Estados Unidos.
“Bengal Tiger” é uma referência à origem bengalesa dos migrantes contrabandeados.
Com informações da Agência PF