Foto: Polícia Federal

PF dribla aparato de criminosos e reprime tráfico de armas, drogas e lavagem de dinheiro

13 de janeiro de 2022 10:40

Um estruturado esquema de tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro foi abatido pela Polícia Federal em operação que desvendou como ele funcionava e se relacionava com outros estados. Estima-se que mais de R$ 2 bilhões foram movimentados com as atividades criminosas nos últimos dois anos. Deflagrada em outubro de 2021, a Operação Balada teve grande repercussão nacional.

Segundo o delegado do caso, Renato Beni, o esquema envolvia uma série de indivíduos de alto poder aquisitivo que exploravam, seja diretamente ou por meio de financiamento, tais atividades criminosas, há vários anos, se apresentando diante da sociedade como empresários regulares e bem sucedidos, acima de qualquer suspeita.

Para ele, os maiores desafios encontrados nesta investigação em relação à identificação do “rastro do dinheiro lavado” e movimentação de drogas e armas foram as novas tecnologias disponíveis, seja de comunicação ou de investimentos de ativos.

“Essas tecnologias propiciam aos criminosos um vasto campo operacional, sendo, então, também necessário aos investigadores a adoção de novas ferramentas e táticas que possibilitem tanto a identificação do ‘caminho do dinheiro ilícito’, bem como as formas de envio do armamento e do entorpecente negociado”, explica Beni.

Operação Balada

A operação foi deflagrada, em Uberlândia (MG) e contou com o apoio da Polícia Penal da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, que colaborou com um efetivo de 35 policiais penais, para custódia e transporte dos presos.

Em torno de 850 policiais federais cumpriram 247 mandados de prisão e 249 mandados de busca e apreensão, além de centenas de outras medidas cautelares, como sequestro de bens e bloqueio de contas correntes, expedidos pela 4ª Vara Criminal da Comarca de Uberlândia, nos estados de Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Alagoas, Tocantins e Espírito Santo.

O esquema

Segundo a PF, a organização preparava entorpecentes para comercialização, mediante emprego de insumos químicos adquiridos por meio de empresas regularmente cadastradas. No período de sete meses, foram comprados, no mercado regular, insumos capazes de manipular mais de 11 toneladas de cocaína.

A droga era remetida dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Rondônia, armazenada no Triângulo Mineiro e, posteriormente, distribuída a várias regiões do País, em especial, aos estados de Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

As investigações revelaram, também, que o grupo atuava no tráfico ilegal de armas de fogo de grosso calibre. No curso dos trabalhos, foi apreendido um carregamento de 8 fuzis e 14 pistolas, em março de 2020, na cidade de Uberlândia. O armamento comercializado pelo grupo era adquirido no Mato Grosso do Sul, transportado para Uberlândia, e, posteriormente, destinado a grupos da região do Triângulo Mineiro, especializados no tráfico de drogas e roubos a banco, bem como a uma facção criminosa estabelecida no Rio de Janeiro (RJ). Os investigados utilizavam veículos especialmente preparados para o transporte das armas, com emprego de batedores durante os seus deslocamentos.

Para dissimular a origem criminosa do patrimônio acumulado, a organização utilizava um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro, com a utilização de empresas de fachada e a aquisição de postos de combustíveis, hotéis, fazendas, imóveis, veículos e embarcações de luxo. As contas bancárias e bens identificados foram bloqueados por determinação judicial, assim como aproximadamente uma centena de imóveis.

Com informações e fotos da Agência PF