Investigação aponta que instituições financeiras comandavam suposto esquema de remessas ilegais para seus clientes

Entre as evidências, policiais relatam um encontro promovido por banco entre seus clientes brasileiros e uma doleira no Uruguai

O Credit Suisse negou qualquer contato com doleiros. "A informação de que teria havido uma reunião com doleiros em Punta del Este e de que o banco teria o costume de trabalhar com doleiros é completamente incorreta. O Credit Suisse adota as mais rigorosas regras e regulações, as quais proíbem qualquer contato com doleiros. Esperamos que nossos funcionários sigam todas as leis e normas internas e externas", afirmou David Walker, porta-voz do banco nos EUA, que coordenam as atividades de "private banking" no Brasil.

A Justiça suíça barrou um acordo de cooperação em matéria penal com o Brasil. Por recomendação do Poder Executivo, o Parlamento suíço colocou na geladeira um entendimento que poderia permitir que informações sobre casos de lavagem de dinheiro e crimes financeiros fossem enviadas à Justiça brasileira com maior facilidade. Na Suíça, porém, o tema é tratado com cautela e, no governo, não se descarta que as ações do Brasil contra os banqueiros suíços possam contaminar a primeira visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país dos Alpes, em janeiro.

Os bancos na Suíça não eram apenas o destino detectado pela Polícia Federal do dinheiro enviado para fora do Brasil. As investigações que resultaram na Operação Kaspar 2 mostram que os executivos das instituições financeiras estrangeiras eram os responsáveis por apresentar os empresários brasileiros ao esquema de evasão de divisas controlado pela doleira Claudine Spiero.

Nos próximos dias, serão divulgados nomes de 15 empresas envolvidas, entre elas uma companhia aérea

Segundo o documento, empresa enviou irregularmente US$ 803 milhões a uma empresa do grupo no Uruguai.

O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), já iniciou o contra-ataque ao senador José Maranhão (PMDB-PB). Seus aliados na Assembléia Legislativa daquele Estado aprovaram ontem requerimento pedindo para o Senado investigar a evolução patrimonial do parlamentar, que pode substituir Cunha Lima caso a Justiça Eleitoral casse o mandato do governador. Presidente da Comissão Mista do Orçamento, Maranhão perdeu a eleição do ano passado para Cunha Lima.

A Polícia Federal desmantelou ontem no Rio Grande do Sul uma quadrilha acusada de fraudar contratos públicos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Segundo a PF, o grupo atuava desde 2002, causando um prejuízo de R$ 40 milhões. Pelo menos 14 mandados de prisão temporária foram cumpridos. Entre os detidos estão o atual diretor-presidente do Detran gaúcho, Flavio Vaz Netto, o seu antecessor, Carlos Ubiratan do Santos, o diretor-administrativo da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) e ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, Antonio Dorneu Maciel. Todos foram indicados pelo PP para os cargos. À tarde Vaz Netto e Maciel foram demitidos pela governadora Yeda Crusius (PSDB). Santos era agora diretor Administrativo e Financeiro da Trensurb, estatal federal que opera o metrô na região metropolitana.

O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) anunciou ontem, em Manaus, que está mapeando, em conjunto com a Polícia Federal, as áreas críticas de tráfico de material arqueológico na Amazônia.

O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado do Pará receberão, a partir deste mês, informações diárias do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), produzido pela ONG Imazon. Segundo o procurador federal Felicio Pontes Júnior, a intenção é que o alerta chegue uma semana após a detecção por satélite, já com um cálculo da área que foi desmatada, para que o Ibama e a Polícia Federal sejam acionados e a ação, interrompida.

O traficante colombiano Juan Carlos Abadía, preso em agosto pela Polícia Federal, depôs ontem e reafirmou que policiais civis de São Paulo achacaram ao menos três dos seus cúmplices: o empresário Daniel Maróstica, o piloto André Barcellos e o traficante colombiano Henry Lagos. Abadía disse que não poderia reconhecer os policiais, porque não teve contato com eles. Ele negou que tivesse entregado diretamente a propina ao grupo. Meu cliente está colaborando com a Justiça e pretende obter benefícios , afirmou o advogado Luiz Gustavo Maciel.

Atingidas em cheio pelas denúncias de fraude no leite investigadas pela Polícia Federal, as indústrias do produto longa vida partiram para o ataque ao sugerir que parte do leite adulterado com soda cáustica poderia ter sido dirigida à exportação.