Já houve quem dissesse, sem ironia, que a espetaculosidade das prisões e a exposição de suspeitos à execração pública - antes de quaisquer julgamentos e, muito menos, de condenações - acabam sendo uma compensação pela crônica impunidade. O raciocínio - tortuoso, convenhamos - seria este: como há grande probabilidade de culpados não serem punidos, seja em razão da morosidade paquidérmica da Justiça ou de uma legislação processual que favorece ao máximo os direitos humanos dos bandidos (não os das vítimas), a exposição dos suspeitos já seria uma forma de punição alternativa , assim como a desmoralização de políticos corruptos compensaria o arsenal de mecanismos (imunidade parlamentar, foro especial, etc.) disponíveis para sua proteção, o que implicaria alguma satisfação (melhor do que nenhuma) dada à sociedade. Desnecessário dizer o que há de aberrante nessa aparente razoabilidade...