PF descobre fraude de R$ 1,5 bilhão nas importações da Cisco Systems
outubro 17, 2007 7:00 amOperação com Receita e Ministério Público desarticula esquema com mais de 30 empresas e prende 40 pessoas
Operação com Receita e Ministério Público desarticula esquema com mais de 30 empresas e prende 40 pessoas
Centenas de e-mails trocados por diretores da Mude Comércio e Serviços Ltda. foram interceptados pela Polícia Federal, além de conversas telefônicas dos suspeitos de participar do esquema milionário de fraudes e sonegação de impostos que seria mantido pela Cisco Systems. Em uma delas, um dos suspeitos sugere um meio primário de disfarçar a origem do equipamento, trocando o nome dos Estados Unidos pelo Brasil: "Vamos pintar as caixas".
As investigações que levaram à descoberta do esquema de fraudes começaram há dois anos e partiram de uma denúncia de um ex-funcionário da Cisco. Paralelamente, a inteligência da Receita já estava investigando fraudes nas empresas instaladas no Pólo de Informática de Ilhéus, na Bahia, onde o esquema se beneficiava irregularmente de incentivos fiscais concedidos pelo governo baiano. No Estado, foram presas duas pessoas.
Os equipamentos vendidos pela Cisco Systems no País não passavam pela sua subsidiária brasileira. Oficialmente, a operação local cuidava da rede de distribuição, do suporte técnico e da promoção de vendas. Os equipamentos eram vendidos, segundo a empresa informava antes da operação policial, da matriz americana para distribuidores brasileiros.
O esquema ilegal de importação de equipamentos para a área de tecnologia da informação descoberto pela Operação Persona da Polícia Federal, que resultou em 44 mandados de prisão, foi investigado durante dois anos por auditores fiscais e por policiais federais.
Operação prende 40 acusados de importação ilegal, entre eles o presidente da Cisco no país
Segundo a investigação, a empresa de informática, uma das maiores do mundo, foi beneficiada por esquema de sonegação de impostos
Operação Persona, sobre fraudes em importações, foi o primeiro grande caso sob a direção do delegado Luiz Fernando Corrêa
Em sua posse, novo diretor afirmou que, ao cumprir mandados de prisão, a PF buscaria proteger imagem das pessoas envolvidas
Procurada pela Folha, a Cisco informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que "busca saber exatamente o que aconteceu [ontem] e que está cooperando com as investigações".
A Cisco do Brasil está no centro das investigações sobre o esquema de importações ilegais desbaratado pela Operação Persona, mas não é a única grande empresa em apuros por fraudes fiscais. A Receita Federal está investigando o envolvimento de mais 13 grandes empresas que também teriam recorrido a fraudes para importar mercadorias a preços mais baixos e derrubar os concorrentes internos. As investigações tiveram início há um ano, a partir da Operação Dilúvio, outra ação conjunta da Polícia Federal (PF) e do Fisco.
A Polícia Federal, em parceira com a Receita Federal e o Ministério Público (MP), desarticulou ontem um esquema de fraude tributária que envolve uma grande empresa norte-americana de tecnologia e mais de 30 companhias brasileiras e estrangeiras. Segundo estimativa da Receita, o prejuízo causado em perda de arrecadação é estimado em R$ 1,5 bilhão, incluindo multa e juros. O cálculo é feito em cima dos equipamentos de tecnologia importados de maneira irregular nos últimos cinco anos.
A Polícia Federal deflagrou ontem, em conjunto com a Receita e o Ministério Público Federal, a Operação Persona, de combate a fraude fiscal em transações de importação de produtos de informática, uma ação na qual, pela primeira vez, segundo as autoridades, foi comprovada a participação de uma multinacional - a norte-americana Cisco Systems.
O governo anunciou ontem a desmontagem de um bilionário esquema de sonegação em importações que envolve várias empresas. Entre as companhias investigadas pela Receita Federal está a Cisco do Brasil, controlada pela gigante americana Cisco Systems, que atua no mercado de redes de telecomunicação corporativa. As autoridades estimaram que, nos últimos cinco anos, houve sonegação de aproximadamente R$ 1,5 bilhão na entrada fraudulenta de produtos estrangeiros calculados em US$ 500 milhões.